Palestras sobre Patrimônio Histórico e Turismo encerram Missão de Prefeitos ao Chile

A semana dos prefeitos que fazem parte da Associação dos Municípios da Encosta Superior do Nordeste (Amesne) que participaram da Missão Técnica ao Chile encerrou com palestras sobre Patrimônio Histórico e Turismo, apresentadas pelos professores Katrina Sanguinetti Tachibana, da Universidad de Playa Ancha e Eduardo Muñoz Inchausti, da Universidad de Valparaíso.
No último dia dois de julho Valparaíso comemorou décimo aniversário desde que a UNESCO declarou a área histórica do município como Património Mundial. Desde então, suas antigas casas e edifícios, becos, morros, córregos, escadas, entre outros, tornaram-se o cenário reconhecido e principal porto da costa sul do Pacífico.
Nos últimos anos, a capital regional tem visto a chegada de inúmeros turistas. Atualmente, a discussão está centrada na necessidade de um plano de cidade portuária, a expansão do Terminal 2 e a construção de um shopping na orla.
Como uma área de herança, conhecida por sua arquitetura particular, Valparaíso conseguiu se adaptar muito bem ao "caos". A cultura de seu povo é distinta e surpreendente, com um cotidiano e detalhes óbvios para quem deseja explorar suas passagens.
Na última década vários episódios tiveram um impacto sobre o patrimônio da cidade. Entre os aspectos negativos, um relatório da Subsecretaria de Desenvolvimento Regional (Subdere) concluiu que dos 94 trabalhos incluídos no Programa de Recuperação e Desenvolvimento de Valparaíso (PRDUV) apenas 47 obras foram realizadas.
Outro caso foi o de alguns dos ícones construídos desde 1883 que foram progressivamente fechados pelo estado de abandono. Em 2010 a situação tornou-se crítica devido a um terremoto de 9,1° na Escala Richter que destruiu vários prédios históricos.
Porém, os habitantes também comemoram muito o fato de que, desde a declaração da Unesco, em 2003, o número de turistas que visitam o município por ano aumentou de 15.000 em 2003 para 80.000 em 2012.
Entre os marcos positivos estão a restauração da arquitetura, a criação de um guia de estilo para a cidade e a reconstrução do Museu Baburizza que depois de ficar 15 anos fechado, recebeu um prêmio do Conselho de Monumentos Nacionais. Além disso, 48 casas antigas foram convertidas em restaurantes e hotéis.
A polêmica do momento gira em torno do projeto Shopping Barão em Valparaíso e a construção do shopping de Castro, que chegou à convenção internacional da UNESCO, realizada no Camboja em meados de junho. O Comitê do Patrimônio Mundial sugeriu que não iniciem as obras, enfatizando a necessidade de uma melhor coordenação entre as autoridades locais e nacionais e entre as organizações e ministérios envolvidos na preservação e desenvolvimento da cidade.
O Chile deve apresentar, até 01 de fevereiro de 2014, uma atualização sobre o estado de conservação da área tombada de Valparaiso para revisão pela Comissão da Unesco, que tem um ano para retornar com o resultado.

Quiero mi barrio
Antes das palestras e acompanhada pelo professor Muñoz, a comitiva visitou o Bairro Placilla. Localizado há 11 quilômetros do centro de Valparaíso, a Placilla era um bairro abandonado, um amontoado de casas sem a mínima infraestrutura.
Com cerca de 40 mil habitantes, a Placilla apresentava até pouco tempo atrás inúmeros problemas sociais, sanitários e ambientais. Porém, a presidente Michelle Bachelet, que administrou o Chile entre março de 2006 e março de 2010 (e atualmente é candidata a Presidência), mudou totalmente a vida dos moradores.
Através do programa "Quiero mi barrio" (Quero meu bairro), Michelle ofereceu aos habitantes da Placilla toda infraestrutura necessária para dar nova vida ao local. As obras foram realizadas entre os anos de 2008 e 2010.
A presidente realizou obras como a canalização da rede de esgoto, asfaltou todas as ruas centrais, construiu praças públicas, salão comunitário e até um centro cultural com museu focado na Batalha da Placilla, onde morreram cerca de 10 mil chilenos. O investimento foi 100% do Governo. "Ao contrário do "Minha Casa, Minha Vida", o Governo Chileno dá toda infraestrutura dos bairros, e não as casas", disse Muñoz. 

Postado dia 10/11/2013